terça-feira, fevereiro 08, 2011

Não... você não!!

" Recebo uma ligação de um amigo nosso. Ele me pede pra que espere "meio" pronta, pois precisa que eu o acompanhe a um lugar.
Tomo um banho, me arrumo, faço uma maquiagem leve...nada de mais. E espero!
Ele chega... acompanhado. Isso não seria um problema, se a companhia fosse outra, que não aquela. A pessoa responsável por tanta mágoa, tanto arrependimento, tanta briga... ela. Sempre ela acaba cruzando meu caminho. Mas afinal, o que levaria a esse encontro? Por que motivo os dois estariam ali? Que eu saiba eles nem se conheciam. A única coisa em comum que existia entre nós 3 é... VOCÊ. Só pode ser, só isso nos une. É o único elo de ligação.

Apenas a presença deles me deixou inquieta, mas o que me preocupou mesmo foi o olhar que eles deram um pro outro. Eu soube na hora que alguma coisa tinha acontecido de errado.
Eu pedi pra que falassem logo, que eu ja tinha entendido o motivo da visita. Havia algo errado com você. E realmente havia.

Foi ela quem começou.

R: Camila, a gente recebeu uma notícia e pediram pra vir te buscar.
L: A mãe do T ligou. Ele sofreu um acidente. E está internado.
C: (chorando) Mas como ele tá? Se machucou muito?
L: Cá... ele tá em coma.
C: (chorando demais)
R: A gente tá indo pra lá, e viemos te buscar.
L: Vai lá, pega umas roupas e vamos.
C: Mas vocês vão de carro?
L: Claro, não tem o que fazer. Não adianta se desesperar.
C: Não adianta? Vc não entende, ninguém entende. É como se eu tivesse perdendo um pedaço de mim, e vcs me pedem pra ter calma? Eu posso chegar lá tarde demais... e não sentir ele perto de mim nunca mais. Não... eu não vou de carro!!!




Saio correndo, colocando coisas na mala, nem vejo o que pego. Não preciso me arrmar, nem pensar em roupas, ou sapatos, ou bijouterias que combinem, só pra agradar a ele. Quero estar lá... de qualquer jeito.

Chorando, ligo pros meus pais. Aviso que estou indo ao encontro dele. Que preciso que eles fiquem com o pequeno. Eles me dizem apenas: "Vá com Deus!"

E assim vou pro aeroporto.

Tudo passa rápido demais. Não lembro de muita coisa, a não ser do aperto no peito, da angústia em chegar logo.

O avião pousa, a mala pequena está comigo, assim não preciso esperar. Sou uma das primeiras a descer. Me sinto mal, insegura, perdida, sem rumo. Mas sei bem pra onde ir.

Pego um táxi, e no caminho choro. A cidade antes tão amada, é agora sede do meu pior pesadelo. Choro ao ver lugares que tanto amei, lugares onde estive com ele, por onde andamos, comemos, passeamos.

E chego... quase esqueço a mala. A irmã dele está do lado de fora. Me aproximo e ela não vê.


C: L... eu vim pra ficar com vocês. Posso? Não saberia ficar longe dele.


Nós nos abraçamos apertado. Por um bom tempo. Eu quero correr pra vê-lo, mas não posso deixá-la ali.

L: Claro, você é sempre bem vinda. Ele gostaria que você viesse.
C: Sua mãe como está? Onde ela está?
L: Com ele. E te esperando.
C: Você vem comigo? Não sei se consigo sozinha.
L: (ela confirma só com o olhar)

Subimos... os 3 andares de elevador mais longos do mundo.
Chegamos na frente do quarto. Ela não quer entrar. Diz que vai esperar a mãe dela sair.
Não tenho coragem pra bater na porta, tenho medo. Faltam forças. Ela bate, coloca a cabeça pra dentro do quarto e avisa a mãe que eu cheguei.


M: Que bom que você veio.
C: Não saberia ficar longe. Como você está?
M: Levando, esperando, rezando. E você?
C: Do mesmo jeito.
M: Você ama mesmo ele? Não ama?
C: Mais que a mim mesma. Ele e o pequeno tem o mesmo tanto do meu amor. Dou a minha vida por eles. Se puder, troco de lugar com ele, pra devolvê-lo à vocês.
M: Entra... fique com ele.
C: Não sei como. Não quero lembrar dele assim.
M: Quem garante que vai acabar? Pode ser um novo recomeço pra vocês. Tenha fé.
C: Eu tenho... mas tenho medo.
M: Seu amor por ele é maior que o medo.


E com essa frase, eu entrei. Ele não era o mesmo, estava todo machucado, arranhado; mas era ele.
Sentei ao lado da cama e peguei sua mão.

Dizem que a audição é o ultimo sentido que a pessoa perde, quando está em coma. Então eu falei... tudo. Falei do meu amor, da saudade que eu senti dele, da angústia, do medo de perdê-lo, falei tudo que estava guardado há tanto tempo."

Aos poucos ouço barulhos estranhos, sinto o rosto todo molhado de tanto chorar durante a noite.
Estou no meu quarto. Tudo não passou de um sonho. Um terrível pesadelo. Mas então... porque essa sensação ruim, de perda, de ausência? Porque essa angústia? Tudo isso é medo de perder ele?
Ele está bem... diz que promete se cuidar!
Mas a angústia persiste!!! Não estou pronta pra te perder. Não assim, não dessa forma.
Se é pra aprender a viver sem você, eu aprendo. Me viro, dou um jeito. Mudo de telefone, de casa, de cidade, até de país se for preciso.
Só não quero perdê-lo assim... pra nunca mais!

♪ Só nós dois - Detonautas ♪

Um comentário:

Anônimo disse...

meu deus q susto..
caramba.. q sonho hein